segunda-feira, 30 de maio de 2011

Branquinha e "A Menina e o Pássaro Encantado"

Sempre gostei muito desse texto do Rubem Alves. Aliás, gosto muito de ler Rubem Alves.
Depois que a cachorrinha Branquinha saiu, esse conto me vem à mente e ao coração o tempo todo.
Divido essa reflexão com vocês, que acompanham a história da Branquinha aqui em casa:



A Menina e o Pássaro Encantado

Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo.
Ele era um pássaro diferente de todos os demais: era encantado.
Os pássaros comuns, se a porta da gaiola ficar aberta, vão-se embora para nunca mais voltar.
Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades…
As suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor.
Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava.
Certa vez voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão…
— Menina, eu venho das montanhas frias e cobertas de neve,
tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua,
 nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores.
Trouxe, nas minhas penas, um pouco do encanto que vi, como presente para ti…
E, assim, ele começava a cantar as canções e as histórias daquele mundo que a menina nunca vira.
 Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro.
Outra vez voltou vermelho como o fogo, penacho dourado na cabeça.
— Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água,
onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga.
As minhas penas ficaram como aquele sol, e eu trago as canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes.
E de novo começavam as histórias.
A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia.
E o pássaro amava a menina, e por isto voltava sempre.
Mas chegava a hora da tristeza.
— Tenho de ir — dizia.
— Por favor, não vás. Fico tão triste. Terei saudades. E vou chorar…
— E a menina fazia beicinho…
— Eu também terei saudades — dizia o pássaro. — Eu também vou chorar.
Mas vou contar-te um segredo: as plantas precisam da água, nós precisamos do ar,
os peixes precisam dos rios…
E o meu encanto precisa da saudade.
É aquela tristeza, na espera do regresso,
que faz com que as minhas penas fiquem bonitas.
Se eu não for, não haverá saudade. Eu deixarei de ser um pássaro encantado.
E tu deixarás de me amar.
Assim, ele partiu. A menina, sozinha, chorava à noite de tristeza, imaginando se o pássaro voltaria.
E foi numa dessas noites que ela teve uma ideia malvada:
“Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá. Será meu para sempre.
Não mais terei saudades. E ficarei feliz…”
Com estes pensamentos, comprou uma linda gaiola, de prata, própria para um pássaro que se ama muito.
E ficou à espera.
 Ele chegou finalmente, maravilhoso nas suas novas cores, com histórias diferentes para contar.
Cansado da viagem, adormeceu.
Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse,
o prendeu na gaiola, para que ele nunca mais a abandonasse.
E adormeceu feliz.
Acordou de madrugada, com um gemido do pássaro…
— Ah! menina… O que é que fizeste?
Quebrou-se o encanto.
As minhas penas ficarão feias e eu esquecer-me-ei das histórias…
 Sem a saudade, o amor ir-se-á embora…
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar.
Mas não foi isto que aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ficando diferente.
 Caíram as plumas e o penacho. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste.
E veio o silêncio: deixou de cantar.
Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava.
E de noite ela chorava, pensando naquilo que havia feito ao seu amigo…
Até que não aguentou mais.
Abriu a porta da gaiola.
— Podes ir, pássaro. Volta quando quiseres…
— Obrigado, menina. Tenho de partir.
E preciso de partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar.
Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro de nós.
Sempre que ficares com saudade, eu ficarei mais bonito.
 Sempre que eu ficar com saudade, tu ficarás mais bonita.
E enfeitar-te-ás, para me esperar…
E partiu. Voou que voou, para lugares distantes.
A menina contava os dias, e a cada dia que passava a saudade crescia.
— Que bom — pensava ela — o meu pássaro está a ficar encantado de novo…
E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos,
e penteava os cabelos e colocava uma flor na jarra.
— Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje…
Sem que ela se apercebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado, como o pássaro.
Porque ele deveria estar a voar de qualquer lado e de qualquer lado haveria de voltar.
Ah!Mundo maravilhoso,
que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama…
E foi assim que ela, cada noite, ia para a cama, triste de saudade,
 mas feliz com o pensamento: “Quem sabe se ele voltará amanhã….”
E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.


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Para o adulto que for ler esta história para uma criança:
Esta é uma história sobre a separação: quando duas pessoas que se amam têm de dizer adeus…
Depois do adeus, fica aquele vazio imenso: a saudade.
Tudo se enche com a presença de uma ausência.
Ah! Como seria bom se não houvesse despedidas…
Alguns chegam a pensar em trancar em gaiolas aqueles a quem amam. Para que sejam deles, para sempre… Para que não haja mais partidas…
Poucos sabem, entretanto, que é a saudade que torna encantadas as pessoas. A saudade faz crescer o desejo. E quando o desejo cresce, preparam-se os abraços.
Esta história, eu não a inventei.
Fiquei triste, vendo a tristeza de uma criança que chorava uma despedida… E a história simplesmente apareceu dentro de mim, quase pronta.
Para quê uma história? Quem não compreende pensa que é para divertir. Mas não é isso.
É que elas têm o poder de transfigurar o quotidiano.
Elas chamam as angústias pelos seus nomes e dizem o medo em canções. Com isto, angústias e medos ficam mais mansos.
Claro que são para crianças.
Especialmente aquelas que moram dentro de nós, e têm medo da solidão…
 

As mais belas histórias de Rubem Alves
(Lisboa, Edições Asa, 2003)

Créditos:


domingo, 29 de maio de 2011

Despedida

 Hoje não teve jeito, a cachorrinha Branquinha se foi....
A Dra. Neide retirou os pontos na sexta-feira,
mas achamos melhor que ficasse aqui em casa mais uns dois dias.
Na verdade eu estava resistindo à idéia de deixar ela ir embora.
Mas não foi possível segurá-la aqui por mais tempo.
Ela estava muito estressada, querendo sair de qualquer jeito.
Antes que se machucasse resolvi abrir o portão e deixar que ela  fosse.
Fiquei ali, parada, sem saber o que fazer direito, enquanto ela saia correndo, feliz com a liberdade.
Agora está percorrendo os lugares preferidos, brincando com os amiguinhos.
Já passou aqui na frente de casa correndo atrás de um carro...e coração fica apertado.
Fico imaginando como se sentem as mães, quando seus filhos vão embora de casa....
Pelo menos fica a sensação da missão cumprida. Ela está castrada. Nada mais de cio nem de filhotes sem dono pelas ruas.
Obrigada, Neide, muito obrigada mesmo!
Que São Francisco de Assis te acompanhe, sempre!




Café da manhã na  {minha} cama, antes de partir para a liberdade!

*
O Blogger não está publicando os comentários,
 mas o que você postar aqui eu recebo via e-mail, ok?




sexta-feira, 27 de maio de 2011

Poá em flor!

Final de semana chegou!
Aqui será de trabalho intenso, ainda bem!!!!
A Kátia vai viajar e quer levar havaianas customizadas de presente prá família.
Esse é um dos modelinhos que ela vai levar:




Gostei muito dessa combinação de cores!
Já está na Loja !



segunda-feira, 23 de maio de 2011

Motivo da minha ausência!

Tenho andado ausente por conta de uma hóspede prá lá de especial:


Essa é a Branquinha, que mostrei em um post anterior.
Descobri que também se chama Luna e Mel.
Por onde ela anda  ganha um nome novo, e atende por todos eles!
Pois bem, a Branquinha foi operada no dia 14, no Mutirão de Castração (Projeto Amicão), e desde então está aqui em casa, até que chegue o dia de retirar os pontos.


 A pequenina está dando um trabalho daqueles.
Talvez por viver livre, sem regras e sem ter que obedecer a ninguém,
seja bem difícil prá ela se adaptar a  tantos limites, ainda por cima com a barriguinha costurada.



O pior momento é a saída pro jardim. Ela vê a rua e fica alucinada, doida para sair. Por várias vezes resgatei a bichinha já com metade do corpo prá fora do portão.
Mas todo esse sufoco, colar, roupinhas, curativos, remédios, acaba no próximo sábado!!!
Até lá continuarei ausente....Mal estou dando conta da casa e do ateliê.
Mas o sacrifício é por uma causa prá lá de justa. Daqui prá frente, nada de cio, nada de mais filhotes abandonados.
E por falar nisso, já estou preparando um post sobre o Projeto Amicão, idealizado e liderado pela veterinária Dra. Neide Carvalho.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Assim o inverno fica mais gostoso!!!

É, as lãs com pompons vieram mesmo prá ficar, aqui no ateliê!
 Comprei algumas só prá fazer um teste e já estou indo repor o estoque!
Olha só que gracinha que ficaram os outros cachecóis:








quarta-feira, 11 de maio de 2011

Meus queridos agregados!

Aqui em casa somos 10!
Seis cachorros: Kauã, Toby, Pitoco, Mel, Kika e Catarina. Três gatos: Léo, Bernardo e Boris.
Além disso há os agregados, que passam várias vezes por dia, para filar um ranguinho, beber água fresca ou apenas tirar um cochilo.

Amiguinho, Lua e Branquinha.
Nas três bandejinhas, comida pros passarinhos.

 
Essa é a Meg. Todas as manhãs me chama cedo, querendo carinho.


Thor e Neguinho. Pernoitaram aqui, antes de seguirem prá casa nova.


terça-feira, 10 de maio de 2011

Prá alegrar e colorir o dia!

      Hoje o dia amanheceu úmido, frio, chuvoso. Até gosto de dias nublados, ideais prá gente ficar quietinha, curtindo um som bem gostoso, um chá quentinho e produzindo coisas fofas! Mas hoje bem que o solzinho, aquele especial do outono, podia dar as caras, prá eu fazer umas fotos.... ;)
Já que a natureza (ainda bem!) não está ao meu dispor, deixo aqui essas flores lindas prá colorir e alegrar essa terça-feira cinza!








São presilhas e estão todas lá na  loja!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Frio chegando por aqui!!!!!

Aqui no vale já se sente aquele ventinho anunciando que o frio tão esperado está chegando!
Amo o frio! Funciono muito melhor nessa época do ano. O calor acaba comigo. Não consigo me concentrar, fica difícil produzir, enfim, é muito difícil prá mim.       E já que nasci num país tropical, escolhi viver aqui, na montanha, onde o calor demora sempre mais prá chegar, e o frio não se faz esperar!
Para saudar esse querido companheiro, meu "amigo frio" rsrs, comecei a tecer cachecóis! Adoro trabalhar com lã! Além de super fofas, as cores me deixam encantada!


Também pode ser usado como gola. Olha que charme!


Não são fofos esses pompons? Dá vontade de ficar apertando o tempo todo! E esquetam mesmo!




quarta-feira, 4 de maio de 2011

Juntando retalhos!


Juntando retalhos!, upload feito originalmente por Maricotta Serelepe.
Cores e mais cores!!!! Nada melhor prá alegrar a alma e iluminar o dia.
E nada melhor prá organizar a bolsa que uma necessaire bem fofa como essa!

Ah! Essa é uma das peças que produzi no dia de reflexão, partilhado logo aqui abaixo. ;)